A armadilha do escopo em projetos

por Onevair Ferrari em 24.02.2014

Escopo é um termo muito usado em Gestão de Projetos. Há, porém, vários significados diferentes para este termo, o que acaba causando uma grande confusão.

Ao longo dos últimos 15 anos, venho questionando sistematicamente meus alunos e os participantes dos treinamentos em que atuo, sobre o que eles entendem por escopo de um projeto. A resposta mais frequente é que escopo é o conjunto de deliverables a serem produzidos pelo projeto. A segunda resposta mais frequente aponta escopo como o produto final a ser gerado no projeto. A terceira resposta mais frequente confunde escopo com a própria definição do projeto. Em outras, o escopo é confundido com o objetivo do projeto.

O mais interessante, porém, é que em nenhuma das centenas de vezes em que tive a oportunidade de questionar a definição de escopo houve consenso. Sempre há pelo menos 3 ou 4 grupos sustentando definições diferentes e, ao mesmo tempo, surpresos de se depararem com interpretações tão diversas uns dos outros.

Esta confusão existe porque o termo escopo é frequentemente empregado de forma genérica. Na língua inglesa existem product scope, project scope, scope of work, scope of supply , apenas para citar os mais importantes. Assim, também na língua portuguesa e, em especial na prática da gestão de projetos, o termo deveria se utilizado de formas mais específicas, como sugiro a seguir:

Escopo do Produto - o conjunto de características e funcionalidades do produto final a ser gerado no projeto.

Escopo do Projeto - o conjunto de trabalhos necessários para produzir os deliverables e para que se tenha, ao término do projeto, o produto do projeto.

Escopo do Trabalho - o conjunto de ações a serem realizadas para que se conclua um pacote de trabalho específico, que compõe o escopo do projeto.

Escopo do Fornecimento - o conjunto de produtos e serviços a serem entregues pelo fornecedor.

Sendo, portanto, escopo um conceito que pode ter vários significados e interpretações, é importante validar com os principais interlocutores o que está sendo tratado por este termo. A tendência é que se caminhe para uma terminologia de consenso, plenamente utilizada, que evite interpretações diferentes. Até lá, porém, esta é uma prática valiosa para evitar ou minimizar os riscos de entendimentos diferentes, que podem causar frustrações, insatisfações, lacunas, retrabalhos, reivindicações e outras dificuldades nos projetos.

Onevair Ferrari, DSc, MSc, PMP é professor, consultor, palestrante, coach em Gerenciamento de Projetos e diretor da Nexor.
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